Olhos verdes
Pedro Samuel de Moura Torres
Seus
olhos verdes, num momento de fitadas, me arrepiaram os sentidos, impressionante
teu olhar de brilho clorofílico, cintilava o teu desejo clandestino e
irresistível. Uma fantasia difícil de não se deixar fantasiar. Meus olhos não
conseguiram oporem-se a tua miragem, no entanto meu coração fugia de teu
chamado insano e convidativo. Paixão instantânea, proibida e enigmática, teu
olhar verdejante de felinos fascina e perturba a minha sanidade e equilíbrio. Tento
fugir do teu alvo, mas sonho em te conhecer melhor, o medo dos nossos encantos
não nos encantar, atemoriza as expectativas. Quem és tu cujos olhos me
enlouquecem, teu rosto me clamam a ti olhar, cabelos dourados iluminam meu
mirar. Não sei se te cobiço, se essa paixão tem endereço, se tu sentes o mesmo,
se tua química incitaria a minha ao toque da pele e não somente ao toque do
olhar. Pois sei que o contato dos nossos olhos foi como uma mágica a
deslumbrar, quem dera saber eu se tu sentiste o mesmo.
Deus
o único testemunho que sonda nossos corações, assim espero, pois que em nossos
olhares testemunhas sejam só nós dois, sentimentos me confundem, me iludem, me
desviam do caminho, tua paixão é uma arma perigosa, tentação conspirativa, olhar
curioso como uma coruja, desejaria te conhecer primeiro sem por os sentimentos
à frente, para assim gostar de como eres e não de como aparentas. Olhar
incisivo e penetrante que fascina e descontrola simples mortais, me transmitia
teus desejos ocultos e abrasadores. Teu brio atravessa convenções, teu perigo
de paixão acomete os corações. Por que tu me apareceste assim? Em situações
conflitantes, onde teríamos de sermos firmes e formais, no entanto tua visão me
arrancava suspiros estonteantes turvando minha percepção, impondo-me
inadequações em minha posição. Desejaria ser centrado, responsável, firme e
racional, mas a tua presença me enxergando me irracionalizou arrastando toda a
minha sensatez moral. Olhava-te com um olhar vago, como perdido no ar, tentando
não te enxergar, mas a tua paixão violenta não permitiu me controlar, forjei o
meu sentir com a linguagem dos meus olhos, não te mostrei o meu desejo, porque
queria que tu o procurastes.
Não
sei como lestes o meu olhos, se frio, imparcial ao teu encanto, se indiferente
ao teu flertar, embora eu estivesse de coração aflito por casos passados, mas
não nego me exaltar. Mais uma vez Questionei-me o que eu sinto? Seria real,
ilusório, provação do alto, sentimental ou virtual? Sentimentos antagônicos
como ódio e amor assaltaram a minha volição, conflitando meu pobre coração.
Estava num estado de paixão semiacabada quando ao horizonte surgiste tu, um
anjo arrebatador, cheio de cobiças e mistérios na tua expressão, meu coração
ainda mais frágil não suportou o teu mirar. Buscava a paz, me livrar da
intensidade das minhas emoções sufocantes, entretanto lá está você provocando o
meu querer.
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