Pedro Samuel de Moura Torres
In:
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é Educação. Ed. 26, São Paulo:
Brasiliense. 1991. p. 1-117;
A
obra “O que é educação” de Carlos Rodrigues Brandão aborda sobre o tema da
educação do qual precisamos compreender dentro do processo de desenvolvimento em
que nos achamos. A conceituação da palavra educação através da História
encontra-se com uma imensa carência na sua exatidão, pois a mesma está presente
em todos os lugares e dos mais variados conceitos, de acordo com o texto
estudado. Em alguns marcos mais importantes do livro percebe-se que no início
ele arrisca-se a aproximar-se do sentido do termo educação em sua abrangência e
multiplicidades de sentidos, se obtendo de modo bem transparente as suas
possíveis variações.
O
texto nos conduz a entender que não há apenas um molde de educação, mas que
existem vários padrões. Essa ideia ficou evidente ao ler-se a carta escrita
pelos índios respondendo ao convite do governo dos Estados Unidos quando lhe
proporam de enviarem alguns jovens da aldeia para estudarem e se civilizarem
nas escolas dos brancos, a resposta foi uma oposição, replicando que embora a
educação dos brancos não inutilizasse os seres humanos, mas para seu contexto
indígena aqueles conhecimentos de nada serviriam. Nesse caso o papel da educação
é acatar com as necessidades de um determinado bando social, do qual o educando
faz parte. No livro não se intencionou destrinchar do que a educação serve, mas
se demonstrou que a sua utilização é imprescindível para a formação humana,
visto que os estudiosos da área concentraram a educação como dependente das
necessidades de um grupo.
Dede
as mais remotas civilizações se concebia a ideia de que a educação é essencial
para o desenvolvimento do cidadão, que é necessário se educar. O discurso
utilizado no texto foi elaborado de maneira fácil a ser aprendido e analisa
detalhadamente e cronologicamente sobre o tema. Dessa forma o autor ressalta a
importância da educação que desde a antiguidade era cultuada a fim de formar
sujeitos competentes para a inserção e permanência na sociedade.
Nas
primeiras paginas Carlos Rodrigues Brandão declara que a educação se encontra
em todas as sociedades até mesmo aonde não há escolas ou modelos de ensino
formal, em tais sociedades se transmitem seus legados de saberes e conhecimentos
de gerações a gerações. Os animais aprendem pelo instinto e pela convivência
com os da mesma espécie imitando e seguindo os comportamentos dos mesmos. Enquanto
que o bicho homem com sua consciência utiliza-se do aprender e ensinar sistematicamente
e profissionalmente para a educação. Como relata Werner Jaeger, ao estudar a
educação na Grécia:
“A
natureza do homem, na sua dupla estrutura corpórea e espiritual, cria condições
especiais para a manutenção e transmissão da sua forma particular e exige
organizações físicas e espirituais, ao conjunto das quais damos o nome de
educação. Na educação, como o homem a pratica, atua a mesma força vital,
criadora e plástica, que espontaneamente impele todas as espécies vivas à conservação
e à propagação de seu tipo. É nela, porém que essa força atinge o seu mais alto
grau de intensidade, através do esforço consciente do conhecimento e da
vontade, dirigida para a consecução de um fim.”
O
desarrolho cultural e social de um determinado grupo histórico em um período de
transformação e ordenamento para a organização social do trabalho e do poder, os
modos de difusão do conhecimento começam a serem problematizados. Entretanto em
sociedades aborígenes a educação se estabelece em inúmeras maneiras e em
circunstancias variadas. Os antropólogos no começo do século XX quase não
mencionam a educação, todavia expõem a tradição e história das sociedades tribais,
seus ritos e suas relações diárias quando as crianças instruem-se e os jovens
vão se inserindo e ganhando seus espaços no mundo dos adultos. Tais
antropólogos pesquisaram essas tribos e viram que elas tinham procedimentos de
aprendizagem diferentes, sem acepção necessariamente escolar, por exemplo: as
rezas cerimoniais e a produção de arco e flecha. O conhecimento vai se
expandindo na medida em que há permutas e socialização, ou seja, é coexistindo
que a ciência se proporciona. “A criança vê, entende, imita e aprende com a
sabedoria que existe no próprio gesto de fazer a coisa”.
Esses
métodos de ensino-aprendizagem são nomeados com várias designações e o procedimento
integral é chamado de socialização, possuindo períodos de inculcação que constroem
nossa identidade. A integração social tem o encargo de educar os membros de uma
dada coletividade com o intuito de se reconhecerem e se identificarem como
parte de um grupo.
A
endoculturação se manifesta nas varias circunstancias grupais para a constituição
do individuo ao adquirir seus hábitos, tradições, crenças e conhecimentos de
uma cultura, funcionando para os discentes como uma pedagogia completa. A
educação é uma porção do experimento endoculturativo. Métodos premeditados
intencionando a estruturação da criança em direção ao padrão estabelecido
socialmente para os adolescentes e consequentemente para o padrão social do
jovem e adulto. “Ajudar a crescer, orientar a maturação, transformar em, tornar
capaz, trabalhar sobre, domar, polir, criar, como um sujeito social, a obra, de
que o homem natural é a matéria-prima.”
A
educação era refletida como algo que preserva as tradições, os valores e os
costumes de um povo. Não obstante, pessoas consideradas educadas são também
agentes de transformações das mesmas, geram novas perspectivas e novos
argumentos. A educação programada objetiva à tornar os educandos mais que meros
objetos do conhecimento e sim torna-los sujeitos e agentes do conhecimento,
podendo interferir com suas habilidades criativas.
A escola pública é resultado da democratização
do ensino, almejando o acesso mais abrangente da informação para todos. Houve o
reconhecimento político para o direito de se estudar do cidadão por meio das
escolas públicas concedida pelo governo. Há pessoas que acreditam que a
democratização do ensino foi decorrência de confrontos liberais e conservadores
onde políticos liberais embutirem juízos de um ensino voltado para a vida, à transformação,
o avanço, a democracia, revelavam ao mesmo tempo o conceito democrático de seu
tempo e por outro lado os tradicionais que serviam aos interesses de novos donos
do poder e da economia.
Sendo
assim, a tendência é que a educação gratuita brasileira convém para a
propagação da desigualdade e para a transmissão de opiniões que corroboram para
a exploração hierárquica, velando-se com a intenção de tornar o mundo mais
igualitário e livre. As pessoas são produtos da educação, no entanto, como a
mesma está à mercê do controle de outras pessoas, a própria educação pode vir a
ser usada de modo calculado com fins de monopólios ideológicos e, por
conseguinte de alienação e opressões das massas. A educação pública nada mais
vem com a intenção de formar cidadãos incapazes de se ascenderem no mundo
acadêmico e competitivo sendo então alienados e direcionados a mão de obra.
Conforme
indicativos históricos a grafia passou a existir em lugares com poder
centralizado, tal como as sociedades egípcia e asteca que eram imponentes
sociedades-estado. A escrita foi no inicio utilizada por escribas controladores
das propriedades dos faraós e dos reis e depois passou a ser monopólio de
poetas. Ressalta-se um fragmento do autor onde se exprime as modificações na
educação correspondendo às alterações nos estilos de civilizações:
“A educação da comunidade de iguais que
reproduzia em um momento anterior a igualdade, ou a complementariedade social,
por sobre diferenças naturais, começa a reproduzir desigualdades sociais por
sobre igualdades naturais”.
Desta
forma a educação se denota como uma ferramenta de domínio, passando a difundir
os conhecimentos entre as classes divididas em hierarquias com o propósito de
que seus clãs se conservem nos mesmos padrões estabelecidos. A instrução formal
e gratuita como se concebe hoje em dia é um produto contemporâneo decorrente
dos registros da historia humana provinda desde épocas remotas da Grécia a
Roma, e se conservou até a atualidade sendo escassamente renovada, e nunca
perdeu seu caráter dominador e formador de cidadãos.
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