CORACINI, Maria Jose. Perscrutando a
Filosofia da Ciência. In: CORACINI, Maria Jose. Um fazer persuasivo: o
discurso subjetivo da ciência. São Paulo/Campinas: EDUC/Pontes, 1991.
cap.1, p. 25-40;
MUELLER, Suzana Pinheiro Machado. A
ciência, o sistema de comunicação científica e a literatura científica. In:
CAMPELLO, Bernadete Santos; CENDÓN, Beatriz Valadares; KREMER, Jeannette
Marguerite. (Org.). Fontes de informação para pesquisadores e profissionais.
Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2000. cap.1, p.21-33;
MUELLER, Suzana Pinheiro Machado. O
periódico científico. In: ______. Fontes
de informação para pesquisadores e profissionais. Belo Horizonte: Ed. UFMG,
2000. cap. 5, p. 73-94.
Pedro Samuel de Moura Torres
As
duas autoras em questão trazem contribuições importantes para a compreensão do
processo e dinamismo da divulgação da ciência. O meio de publicação da ciência
é o ponto chave dos três textos. Todos abordam questões vigentes na comunidade
cientifica e explicam os procedimentos para a expansão e conservação do
conhecimento cientifico. A ciência para existir não basta apenas encontrar
respostas, explicar fatos, mas, para trazê-la a existência, é necessário que se
disponha de publicações e exposições. Através dos textos torna-se mais fácil
compreender todo o artifício da ciência e como ela se desenrola.
O
texto de Suzana Pinheiro, A ciência, o
sistema de comunicação e a literatura cientifica, aborda a dinâmica e as
formas atuais para a disseminação e veiculação das produções acadêmicas nas
comunidades cientificas. Mostra e avalia um método de estudo que vem sendo
desenvolvido para amoldar-se com a comunidade científica, os fatos fundamentais
que motivam e estimulam o consumo de artigos e periódicos científicos, tanto no
meio impresso como no meio eletrônico, em mananciais restritos ou acessíveis.
Suzana
denomina de literatura cientifica as fontes de conhecimento que todo o
profissional de informação tem como base. Os periódicos científicos em sites da
internet ou impressos em formatos de livro constituem em maior parte a
literatura cientifica. A autora designa de explosão
bibliográfica o fenômeno do avanço tecnológico.
Com
a chegada da ciência moderna, possibilitou-se a comunicação e veiculação de
forma bastante acessível e instantânea em prol de divulgações entre a
comunidade cientifica ou até mesmo direcionando-se para outros contextos
sociais. Os periódicos eletrônicos têm características de serem instantâneos e
versáteis. Já que se encontra com todo esse avanço tecnológico, ocasionou-se
numa transformação do acesso das informações. Como articula Mueller,
encontramo-nos em um período transitório na comunidade cientifica, o qual saiu
de um sistema rude e limitado para um sistema mais avançado e de fácil
publicação. Tais avanços propiciaram para a extinção dos entraves geográficos e
disponibilizaram novas vias de difusão, globalizando e tornando acessíveis os
conhecimentos científicos. Mueller destaca dois tipos de canais: o informal e o
formal. O canal informal tem o acesso limitado e reserva-se a públicos
restritos. O canal formal é de amplo e simples acesso a informações, porém são
bem mais refletidos e avaliados.
Coracini
defende a importância de compreender a ciência com suas concepções em vigor,
seus novos recursos instituídos e as leis estabelecidas. Tal autora avalia os
estudos científicos a partir de três filósofos da ciência: Popper, Kuhn e
Feyerabend. Popper apóia o método dedutivo em que o fundamento teórico é a
chave de todo empenho da ciência. Popper acredita que através dos erros é que
se aproxima da verdade, com a sua teoria do falseamento; sustenta que a ciência
se desenvolve a partir do ciclo de erros e acertos. No entanto, Coracini
desafia tal teoria, ao afirmar que Popper não enxergou a necessidade e a
influência do social como Kuhn havia previsto. Para Kuhn a ciência é
essencialmente argumentativa, ou melhor, as suas verdades estão sujeitas ao
poder da persuasão e eloqüência, ou à melhor resposta apresentada para seduzir
e convencer um dado público. Kuhn considera que a ciência depende dos contextos
e adequações histórico-sociais. Portanto, a comunidade cientifica domina e
amolda a ciência continuamente.
É
necessário que o pesquisador procure subsídios não somente internos, mas também
externos ao domínio científico a fim de que possa elaborar suas próprias
conclusões a respeito das verdades científicas. Já que as verdades humanas são
passíveis de erros e acertos, convém não acreditar em apenas uma suposição. As
literaturas científicas servem exatamente para nos proporcionarem
possibilidades e reflexões sobre o que podemos e queremos julgar que seja
verdade, mas que não seja necessariamente uma verdade inabalável e exata. É
fundamental que aprendamos a traçar um paralelo dos nossos conhecimentos de
mundo com as conclusões cientificas e que saibamos moderadamente nos
desvencilhar de conceitos pessoais e pré-concebidos para podermos usufruir o
que a ciência nos proporciona.
É
bastante intricado se garantir a veracidade de algo quando se faz uma análise
cientifica, uma vez que o observador é levado a ler e averiguar certas
literaturas, não sendo permitido o uso de sua voz direta em seus discursos
científicos. Em seu texto, Coracini invalida esse padrão, mesmo de maneira
indireta, quando exprime seu ponto de vista ao censurar a opinião de Popper em
benefício de Kuhn. A ciência também se constrói verdadeiramente a partir dos
julgamentos individuais, do que se reflete intimamente, porém, tais reflexões e
opiniões devem seguir a linha do que se tem pesquisado e essas pesquisas podem
ir muito mais além do que apenas teorias fundamentadas nos periódicos, como as
experiências pessoais e subjetivas.
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