Pedro Samuel de Moura Torres
Dançar
é declamar poesia com o próprio corpo. É produzir rimas a cada suave movimento,
utilizando o corpo esteticamente e prazerosamente como um instrumento. É
expressar toda glória e toda emoção que há dentro do coração. Seguir ao
compasso do acústico congraçando à pulsação rítmica corporal mostrando toda
mágica natural. É mover-se ao vento em frenética liberdade buscando o ápice da
felicidade, girando-se esbanjando nosso orgulho e vaidade. E a cada balanço, um
novo prazer, o de remexer como o sol ou uma estrela extravasando seu brilho,
sua energia, seu viver. Assim é quem dança, experimentando sensações que vão
além do trivial em absoluta leveza como uma criança em seu mundo celestial. É
contentar-se ao submeter-se com incondicional obediência e confiança ao comando
musical, é atingir um orgasmo integral e corporal. É se entregar cegamente ao
vento e à sincronia simétrica ordenadamente livre perdendo-se no tempo, é o
sentir o momento.
É
o misterioso contorno que a alma traça em seu universo de anseios com elegância
e graça descobrindo seu gozo entre a fumaça. Bamboleia, balança, mexe e libera
toda sua energia vital, exaltando e ostentando seu deleitoso rebolado
monumental. É pelo anseio de atingir o ápice que os movimentos incitam a
sensibilidade que se torna cúmplice devota da harmonia e beldade. O sentir
encoleirado de plena satisfação de um sensual desejo apaixonado. Dançar é fazer
sexo com o corpo artisticamente, é rimar com o universo perfeitamente. É perseguir
sensações inexploráveis em cada cantinho, em cada mover-se, é gozando
silenciosamente em total deleite. É sintonizar o ouvido ao som conectando-o ao
sensório-motor, harmonizando o corpo à inspiração sonora como um grande cantor.
É lançar-se em suas vibrações com paixão e amor, tracejando o fenômeno acústico
artisticamente em pleno glamour. Anuindo-se em conformidade à coreografia em
plena coordenação, num transe de êxtase rodopiando como um furacão. É o encanto
charmoso de uma sedução, de um desejo em explosão ou quem sabe apenas de uma
alegria justificada pela grata celebração. É o corpo dizendo o que sente o
coração, o que os sentimentos articulam ao intimo da inspiração. É a apologia e
o louvor do simplesmente existir. É o festejo de um povo que só quer se
divertir.
Pedro Samuel de Moura Torres
Pedro Samuel de Moura Torres
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