História
Um
menino, com a idade de 10 anos, estava repetindo pela terceira vez a quarta
serie do ensino fundamental porque não gostava de algumas colegas e da
professora, que era a mesma durante os anos que ele repetiu. A origem do
conflito era um suposto ciúme que este aluno sentia em relação à professora por
a professora supostamente defender e dar mais atenção a essas alunas do que a
ele. Da parte das alunas havia certo preconceito com ele, o que fazia com que
elas o isolassem.
Esse
menino sofria pressão psicológica dentro de casa, por parte da mãe que prometia
castigos e punições caso não estudasse e não fosse aprovado. O comportamento
desse menino era violento no ambiente escolar, procurando se isolar desse
ambiente e de tudo o que se relacionasse ao mesmo. Sua reação violenta com
agressão física para as colegas e verbal para a professora, se restringia
àquela aula, professora e colegas e às vezes em casa quando era obrigado a
estudar.
A
postura dessa professora na aula era democrática e tentava resolver a situação,
mas não conseguia e não encontrava mais saídas.
OBS:
O menino tinha três professoras, porém essa conduta era manifestada somente para
uma dessas. A escola não tinha psicólogo, nem conselheiro.
Segundo
a professora o aluno se fechava a qualquer tipo de tentativa para resolver o
problema. Reagia com hostilidade às provocações das colegas e com a própria
professora, como também as colegas reagiam em relação a ele. A professora
simplesmente já não sabia mais como se aproximar a fim de entender e resolver a
questão.
Para
as colegas de classe ele era um menino mal-educado e desajeitado, elas meramente
não o suportavam e declaravam a todos com suas próprias palavras.
De
acordo com o menino a professora dava mais atenção às alunas do que a ele. Ele
não gostava das meninas porque eram “nojentas”, “tiravam muita onda”, “não
sabiam nada”, “ninguém gostava delas”, “puxavam o saco da professora a qual
sempre as protegiam”, “estou certo e ponto final”.
A
sua mãe unicamente achava a professora ótima, a escola de boa qualidade e o
menino era quem “procurava frescuras!”. Durante o ano, ela recebia vários
bilhetes de convocação a escola a fim de resolver problemas devido ao comportamento
hostil do seu filho.
Análise
Ainda
que a aparente conduta da professora seja democrática, não se deixou claro os
reais sentimentos por traz das motivações que a professora tinha ao dado
aluno-problema. O nível de afetividade da relação entre a respectiva
professora-aluno parece bloqueado por um preconceito que não se sabe de fato
por qual das partes se originou. Todos apresentaram suas versões, mas sem
concluir a origem real do problema. Teria realmente a professora demonstrado um
“prediletismo” pelas meninas supostamente mais aplicadas? Se sim, seria isso um
motivo razoável para o aluno cultivar tal comportamento? O que se observa é um
aluno-problema que justifica seu comportamento inapropriado como sendo a
professora a mantenedora do seu sentimento de rejeição, já que ele não reage da
mesma forma com outras professoras. A principio, acredita-se que tudo começou a
partir de sua implicância não resolvida com duas colegas de classe e, portanto
vindo a ser colocado na posição de rejeitado pelo grupo e igualmente pela
professora. Embora a professora sustente que o aluno criou um problema e não se
permitia diálogos para corrigir a situação, não dá pra saber como é a relação e
a afetividade entre eles e se o nível de compreensão e psicologia usada por ela
seria o bastante para encontrar efetivamente o problema e resolvê-lo.
Naquele
contexto acredita-se que a função do professor é somente ensinar deixando
questões problemáticas de cunho psicológico para outro profissional e como a
escola não se dispunha de profissionais dessa área, o problema caia todo em
cima dos educadores. O aluno reage de suposta vitima a agressor, se sente
injustiçado e rejeitado pelo grupo e nem tem consciência da causa da rejeição,
já que em outros contextos ele tende a agir normalmente. Em um tom de
preconceito, as suas colegas lhe designavam como um garoto sem educação, pois
não tinha respeito com elas e se alterava até com a professora. Acredito que é
um problema entre eles (os três alunos) que chegou a tomar proporções na sua
vida estudantil. A professora parece interessada em resolver, porém encontra-se
limitada ao dever de ensinar e não de trabalhar as questões emocionais e de
relações interpessoais.
É
necessário que a educadora em questão também reflita sobre até que ponto ela
possa estar suscitando esse sentimento de rejeição que o aluno vem sofrendo e
como ela deve trabalhar para evitar que esses sentimentos negativos venham a
surgir na sala de aula. Seria ideal que a professora dialogasse pessoalmente
com o garoto e as outras meninas para que eles possam vir a se entender, ou ao
menos aprenderem a não trazerem suas questões pessoais para dentro da aula,
pois isso tem repercutido negativamente no fluir da aula. A professora também
deve desenvolver uma relação mais aberta e autentica com cada aluno deixando
claro e demonstrando através de suas atitudes que ela não tem favoritismos e
que ela está disponível a ajudar a todos eles.
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