Meu espirito anseia pela a paz e
pelo amor perfeito divino, entretanto minha carne intenciona a minha
destruição, com suas paixões me dirigir ao inferno enfraquecendo-me e
distorcendo os valores que me conduziriam a evoluir e a atingir a terra
prometida. Corpo e alma se antagonizam, se contrapõem, mostrando que a natureza
humana se realiza em conflitos. Dividido em minha fraqueza, não desejo perder o
paraíso e tão pouco consigo a renuncia total do mundo. O poder de Deus é maior
em minha alma, mas as paixões do meu corpo doente me impedem de firmar na tão
almejada paz divina. Sou indeciso e leviano em minha posição, mas meu espirito
aflito é convicto do seu caminho da paz. Como viver entre os conflitos e as
desordens entre o bem e do mal? Como vencer minha humanidade decaída em seus
apelos sensuais? Como vencer a ilusão transitória em prol do deleite eterno? A
miragem do mundo me leva às ruínas, mas mesmo assim por vezes prefiro a ilusão
desgraçada que atormenta a minha alma sedenta de Deus. O demônio está na carne
e Deus na alma, essas forças nos abordam constantemente, porém sei que o
espirito é o destino e que Deus é soberano. Minha noção dos fatos físicos me
agita, me traz inquietudes, me atormenta, enquanto a minha inocência me deixa leve,
apazigua meus sentimentos. O corpo limita nossas percepções, oprime nossa
consciência, obscurece nossa visão e desvia nosso objetivo, nos impele à
destruição, Deus que significa a pura ressureição se compadece da nossa
humanidade tendenciosa e enxerga nossa fragilidade. Nossa passagem na terra nos
engana, nos desilude, mas a fé do infinito e a espera da misericórdia nos
condiciona e nos aprimora para o encontro com Deus.